Pesquisas recentes do Ipec (ex-Ibope) mostram que apenas 18% dos eleitores brasileiros se identificam como sendo de esquerda.
Pode-se dizer que a situação do governo Lula, que se autodeclara de esquerda, enfrenta desafios consideráveis ao tentar implementar uma plataforma também de esquerda em um Brasil majoritariamente de centro-direita.
O que define uma política econômica atendendo a minoria de eleitores de esquerda?
Para tentar responder a essa pergunta, é necessário primeiro compreender as ideias da esquerda brasileira e suas principais demandas políticas. No entanto, nos deparamos com uma complexa situação.
A evolução das correntes de esquerda no Brasil
A antiga esquerda de tendência socialista praticamente desapareceu. Nem mesmo os vestígios do antigo Partido Comunista do Brasil persistem em interpretar tudo através da luta de classes e na construção da ditadura do proletariado.
Desafios e dilemas das políticas econômicas de esquerda
Atualmente, destacam-se posturas nacionalistas que defendem a indústria nacional, mesmo que com influência do capital multinacional, e apresentam propostas reminiscentes da era da substituição de importações. Além disso, existem políticas protecionistas, defesa fervorosa das estatais e incentivos aos chamados campeões nacionais do futuro.
Entre essas correntes, também surgem movimentos em defesa dos sindicatos. O ex-presidente Lula, antigo líder dos metalúrgicos, tende a favorecer esse segmento em suas políticas, enfatizando a importância de garantir os direitos dos trabalhadores.
Diversidade de pautas entre as esquerdas minoritárias
Embora minoritárias, as esquerdas abordam questões como a emancipação da mulher, direitos LGBT+, da população negra e dos povos originários. No entanto, a falta de coesão entre esses grupos identitários resulta em conflitos e confrontos de prioridades.
Países como China e Coreia do Sul, que conseguiram reduzir a pobreza e integrar populações nos mercados de trabalho e consumo, não necessariamente adotaram políticas econômicas de esquerda para alcançar tais resultados.
Não há consenso ou união mínima entre esses grupos identitários, o que resulta em divergências e disputas por agendas diferentes. O desafio reside em conciliar essas diversas pautas em um projeto político comum.
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